quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pe. Júlio Maria

Já se escreveu muito sobre Pe. Júlio Maria De Lombaerde que, desde tenra idade, deixou-se tocar pela vida das pessoas, sobretudo daquelas mais necessitadas de amor, ternura, compaixão, solidariedade, misericórdia. Ele é a criança inquieta diante do sofrimento humano, o jovem destemido que se entregou à missão na África, o escritor que questionava e cuidava da formação das consciências, o missionário arrojado que teve um coração dilatado: deixou suas marcas de apóstolo de Maria e da Eucaristia em três continentes, fundou três congregações, enfim, soube imprimir no coração de todos e todas o amor pela causa do Reino, no seguimento à pessoa de Jesus Cristo, de forma amorosa e fiel.

Qual o sonho desse jovem Fundador? O que se passava em seu coração inquieto, inconformado com a realidade, com as carências missionárias quando aqui chegou, há quase cem anos? Ao ser designado para as missões no Brasil, precisamente na Amazônia, qual a sua resposta? E quando foi incompreendido pela hierarquia da Igreja de Belém, “convidado” a abandonar a Congregação que fundara, qual a sua atitude? Revoltou-se? Pediu demissão da sua missão? Fundou, com a influência que tinha, uma “igreja” paralela? Não! Ele apenas obedeceu! Nada questionou, não pediu explicação, sofreu em silêncio e se retirou, pois confiava naquele que é o autor de toda vida e de toda vocação.

Ele precisou retirar-se do convívio das suas filhas primogênitas, as Irmãs Cordimarianas, que ele gerou no afã de sua vida de fundador e de missionário na Amazônia. Retirou-se para que o seu sonho se tornasse uma realidade concreta na vida da Igreja que ele amava, apesar dos percalços do caminho. Retirou-se porque, ao lado da sua vida de pai, missionário e pastor, Jesus Cristo e o Reino estavam no centro. Tudo isso nos faz lembrar a palavra sábia de São Paulo: “Quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servidores, através dos quais vocês foram levados á fé; cada um deles agiu conforme os dons que o Senhor lhe concedeu. Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer” (I Cor 3,5-7).

Assim, o sonho do missionário da Amazônia se amplia. Providencialmente, Deus foi cuidando com delicadeza do sonho do jovem Fundador. Já se passaram quase 95 anos e ainda estamos com a graça do Espírito de Deus suscitando em cada momento novas perguntas, novas inquietações, novas respostas. Sim, ainda estamos nos alimentando da mística de um coração verdadeiramente eucarístico-mariano, missionário, na tentativa de continuar sendo presença da Compaixão-Misericórdia do Coração de Maria, no impulso profético do novo tempo que queremos construir para, com nossa vida e missão, “fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5).

Que todas nós, vocacionadas que somos, possamos dar continuidade ao sonho do jovem fundador, Júlio Maria, o destemido missionário da Amazônia, que com coragem e determinação pôde ousar dizer pela palavra e com a vida: “Eu, eu quero a Amazônia.”

                                                                   Irmã Disterro Rocha, FCIM
                                                                   Caucaia, 21/05/2011
                                                                  Dia Vocacional Cordimariano

UMA VIDA EUCARISTIZADA!

Eucaristia! Pela força da sua Palavra, Jesus Cristo torna-se comida, alimento que sacia a fome de muitos. Pela força do seu testemunho, Ele entregou a sua própria vida, entregou-se como vítima e chamou a todos/as para atualizar na vida o mesmo gesto: “Fazei isto em memória de mim!”

Somos chamadas/os para doar a nossa vida, tornando-nos pão que se parte e se reparte, vida que se doa, que se dá, que se oferece no altar do mundo para que o mundo seja salvo. No cenário Cordimariano, podemos contemplar a vida da Irmã Maria Celeste – o nosso “Anjo da Eucaristia”, que na sua curta existência, entendeu o significado de se colocar na trilha das/os que aprenderam a colocar na mesa comum à própria vida.

Sentindo-se   chamada por Deus para segui-lo mais de perto, resistiu o quanto pôde. Temperamental, não se rendeu facilmente. Dizia sempre: “Não posso”. Porém, um dia, escutou da Madre: “Não diga mais – não posso, mas não quero”. E o seu coração não resistiu! Abandonou-se, tornou-se dom, oferta... respondeu Sim!

Será que você jovem, tem a coragem de escutar, acolher a proposta de amor do próprio Deus? O mundo hoje, mais do que nunca, necessita de pessoas corajosas, capazes de ser Maria – ser Eucaristia. Que possamos, nos caminhos que vamos descortinando, SEMEAR as sementes de um tempo novo, onde todos/as possam se alimentar do mesmo pão.

Na ternura do Coração de Maria, o  meu abraço, acompanhado de minhas orações.

Irmã Disterro Rocha, FCIM

NA RODOVIÁRIA

Caminhante que passa,
Caminhante que vai,
Caminhante que vem...
Onde vais?
Que procuras?
Será que como eu,
Carregas a dor, a luta, o sofrer
ou só desamor?
Será que como eu,
carregas saudades,
palavras caladas
ou mesmo felicidade?
Que levas contigo?
Que tens para dar?
O mundo, a tua volta,
ele também te sufoca...
Que fazes pra te libertar?
E em cada caminhante,
na rodoviária a passar,
em todos procuro
resposta pra dar.
Observo tens passos
Ligeiros, apressados,
ou então devagar.
Em todos, o compasso
da vida que passa,
sem a gente notar.
Não dá pra esperar!
É preciso cantar...
no meu canto, a certeza
de alguém a me esperar,
do caminho a fazer.
E tu, caminhante,
carregas também
a esperança dos simples
que mesmo sabendo,
na dança da vida,
é preciso entrar;
lutando e cantando,
na fé, no futuro
de o mundo mudar.
pra ti, o meu canto
Coração de criança
Minha vida se dá.

Irmã Disterro Rocha, FCIM